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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO III — ESPIRITISMO, O CONSOLADOR PROMETIDO POR JESUS
Módulo IV — A Humanidade Regenerada

Roteiro 5


A transição evolutiva da humanidade terrestre


Objetivos: Citar as características do período de transição, anunciadas por Jesus no seu Sermão Profético.Analisar os principais desafios que a Humanidade enfrentará durante o período.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • No seu Discurso profético afirma Jesus, entre outras informações: Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que estas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação, reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores. Mateus, 24.6-8. Bíblia de Jerusalém.

  • A Humanidade tem realizado, até ao presente, […] incontestáveis progressos. Os homens, com sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado […]. Resta-lhes, ainda, um imenso progresso a realizar: fazerem que reinem entre si a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. […]. Allan Kardec: A gênese. Capítulo XVIII, item 5.

  • Um dos maiores desafios do período de transição está relacionado à educação, […] não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. […]. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 917-comentário.



 

SUBSÍDIOS


Vivemos atualmente uma época de mudanças denominada Período de Transição, que apresenta as seguintes características fundamentais: a) acelerado desenvolvimento tecnológico e científico; b) convulsões sociais e morais; c) transformações na estrutura geológica e atmosférica do Planeta.

Não restam dúvidas que são condições portadoras de inquietudes, a despeito do progresso intelectual alcançado pela Humanidade até então. Entretanto, no “[…] dizer dos Espíritos a Terra não deverá transformar-se por meio — de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.” (1)

O período que vivemos atualmente é denominado de transição. Primeiro porque está localizado entre duas gerações bem diferentes. Segundo porque com o acelerado crescimento intelectual, o Espírito descurou do seu crescimento moral. Assinala Kardec, a propósito: (2)


A época atual os elementos das duas gerações se confundem. Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelas características que lhes são peculiares. As duas gerações que se sucedem têm idéias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições morais e, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.


O período de transição, e o que imediatamente se lhe segue, denominado de período de regeneração, foram anunciados por Jesus no seu no Evangelho, sob o título de Discurso Escatológico ou Sermão Profético (Mateus, 24.1-28; Marcos, 13.1-23; Lucas, 21.5-24).


Como este Sermão já foi anteriormente estudado (Programa Religião à Luz do Espiritismo, Tomo 2 — Ensinos e Parábolas de Jesus — , Parte 2, Módulo I, Roteiro 4), vamos enfocar, neste Roteiro, aspectos que marcam o período de transição e os principais desafios que a Humanidade enfrentará.


1. Características do período de transição


O período da grande travessia evolutiva são marcados pelos chamados “sinais dos tempos”, em plena vigência na atualidade, no qual as conquistas morais e intelectuais do pretérito fazem reflexo no dia a dia da existência, da mesma forma que as ações desenvolvidas pelo homem, no presente, influenciarão a sua vida futura.

Em termos espíritas, a transição planetária caracteriza-se por uma fase existencial, nitidamente marcada no tempo e no espaço, na qual ocorrerão significativos desafios em todos os campos do conhecimento, decorrentes das ações humanas do passado e do presente que, naturalmente, definirão o futuro da Humanidade. Essas ações, nem sempre fruto das boas escolhas têm gerado perturbações sociais, as mais diversas, produtoras de sofrimento. Mas, passada a fase de reajustes espirituais, o ser humano se transformará em pessoa melhor, fazendo surgir uma era nova, a da regeneração.

Não é fácil afirmar quanto tempo irá durar a Transição, pois depende do livre arbítrio individual e coletivo. Pode ter duração de décadas ou de séculos. Independentemente do período de tempo e da extensão dos desafios, a transição indica tempos “[…] marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade. […]” (3)

A transição está marcada por provações e por processos expiatórios, também denominados purificadores, mas, acredita-se, que na regeneração não ocorrerão as amargas dores da expiação, ainda que as provas impulsionadoras do progresso permaneçam.

De forma geral, podemos dizer que as principais características do período de transição são as que se seguem.


Os falsos profetas


Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: “O Cristo sou eu”, e enganarão a muitos. (Mateus, 24.4,5. Bíblia de Jerusalém)


Em todos os tempos houve homens que exploraram, em proveito de suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação, certos conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um suposto poder sobre-humano, ou de uma pretensa missão divina. São esses os falsos cristos e os falsos profetas. A difusão das luzes lhes destrói o crédito, razão pela qual o número deles diminui à medida que os homens se esclarecem. O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui, pois, sinal de uma missão divina, já que pode resultar de conhecimentos que cada um pode adquirir, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno pode possuir tão bem, quanto o mais digno. O verdadeiro profeta se reconhece por características mais sérias e exclusivamente morais. (4)


Guerras

  • Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação e reino contra reino. (Mateus, 24.6,7. Bíblia de Jerusalém)

As guerras, como todo tipo de violência humana, individual ou coletiva, não são resultantes da vontade de Deus, mas sim expressões do egoísmo e do orgulho imperantes nos mundos atrasados como o nosso. (5)

A guerra existe porque há “[…] predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte, daí por que, para eles, a guerra é um estado normal. A medida que o homem progride, a guerra se torna menos freqüente, porque ele evita suas causas, e quando a julga necessária, sabe adicionar-lhe humanidade.” (6)


Catástrofes naturais

  • E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores. (Mateus, 24.8. Bíblia de Jerusalém)

Os flagelos e cataclismos […] Os flagelos são provas que dão ao homem oportunidade de exercitar a sua inteligência, de demonstrar paciência e resignação ante a vontade de Deus, permitindo- lhe manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, caso o egoísmo não o domine. (7)

Entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, devem ser colocados na linha de frente a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da terra. Entretanto, não tem o homem encontrado na Ciência, nas obras de Engenharia, no aperfeiçoamento da Agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições higiênicas, meios de neutralizar, ou, pelo menos, de atenuar tantos desastres? Certas regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje livres deles? Que não fará, então, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos os recursos da sua inteligência e quando, sem prejuízo da sua conservação pessoal, souber aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (8)


As tribulações estarão presentes, portanto, no período de transição. As sim, é necessário que o homem se esforce por adquirir a força necessária capaz de transformá-lo em pessoa de bem, mais espiritualizada. Afirma Kardec, a propósito: (9)


Sim, por certo a Humanidade se transforma, como já se transformou em outras épocas, e cada transformação é marcada por uma crise que é, para o gênero humano, o que são, para os indivíduos, as crises de crescimento; crises muitas vezes penosas, dolorosas, que arrastam consigo as gerações e as instituições, mas sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral. “Tendo chegado a um desses períodos de crescimento, a Humanidade terrena está plenamente, há quase um século, no trabalho da transfor- mação. É por isto que ela se agita por todos os lados, presa de uma espécie de febre e como que movida por uma força invisível, até que retome o equilíbrio sobre novas bases. Quem a vir, então, a achará muito mudada em seus costumes, em seu caráter, em suas leis, em suas crenças; numa palavra, em todo o seu estamento social. […] A agitação dos encarnados e dos desencarnados se juntam, por vezes e mesmo na maioria das vezes, já que tudo se conjuga, na Natureza, as perturbações dos elementos físicos; é então, por um tempo, uma verdadeira confusão geral, mas que passa como um furacão, depois do que o céu se torna sereno, e a Humanidade, reconstituída sobre novas bases, imbuída de novas idéias, percorre um nova etapa de progresso.


Não há dúvida de que a Humanidade estará sob o jugo da dor: caos social e moral de um lado e distúrbios na Natureza de outro são fatores promotores do sofrimento. Entretanto, a Humanidade renascerá mais forte e espiritualizada. Aliás, o Espírito conhecido como Dr. Barry, informa que é justamente neste período de profundas transformações que o “ Espiritismo florescerá e dará frutos.” (10) Acrescenta também: “É, pois, para o futuro, mais que para o presente, que trabalhais; mas era necessário que esses trabalhos fossem elaborados previamente, porque preparam as vias da regeneração pela unificação e pela racionalidade das crenças. Felizes os que os aproveitam desde hoje; será para eles tanto de ganho e de penas poupadas.” (10)


2. A razão de ser do período de transição


Os conflitos bélicos, as lutas fratricidas, a violência e as calamidades produzidas pelo homem, decorrem do seu atraso moral, cujas ações resultam sofrimento, a si mesmo e à sociedade, assim como prejuízos à Natureza que, ecologicamente desequilibrada, reage contra os agressores. Assim, os acontecimentos previstos têm como finalidade estimular a melhoria espiritual do homem, pois se trata de uma fase de evolução moral da Humanidade terrestre.


[…] Isto posto, diremos que o nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses progressos se realizam paralelamente, visto que a perfeição da habitação guarda relação com a do habitante. Fisicamente, o globo terrestre tem sofrido transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a Humanidade progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação das forças materiais, os homens concorrem para isso pelos esforços de sua inteligência. Saneiam as regiões insalubres, tornam mais fáceis as comunicações e mais produtiva a terra. (11)


Considerando a finalidade e as características do período de transição, Allan Kardec também esclarece:


Se, pelo encadeamento e a solidariedade das causas e dos efeitos, os períodos de renovação moral da Humanidade coincidem, como tudo leva a crer, com as revoluções físicas do globo, podem os referidos períodos ser acompanhados ou precedidos de fenômenos naturais, insólitos para os que com eles não se acham familiarizados com eles, de meteoros que parecem estranhos, de recrudescência e intensidade fora do comum dos flagelos destruidores, que não são nem causa, nem presságios sobrenaturais, mas uma conseqüência do movimento geral que se opera no mundo físico e no mundo moral. (12)


Diante dessas considerações, compreende-se porque o ser humano deve agir com mais prudência, vigilante no pensar, falar ou executar. Mais do que nunca, o “orai e vigiai”, recomendado por Jesus, deve ser levado a sério. Eis o conselho de Emmanuel, a respeito: (13)


[…] Muitas vezes, referimo-nos ao “orai e vigiai”, sem meditar-lhe a complexidade e a extensão. É indispensável guardar os caminhos, imprescindível se torna movimentar possibilidades na esfera do bem, entretanto, essa atitude não dispensa a visão com entendimento. […] É preciso olhar, isto é, examinar, ponderar, refletir, para que a vigilância não seja incompleta. Discernir é a primeira preocupação da sentinela. O discípulo não pode guardar-se, defendendo simultaneamente o patrimônio que lhe foi confiado, sem estender a visão psicológica, buscando penetrar a intimidade essencial das situações e dos acontecimentos. Olhai o trabalho de cada dia. O serviço comum permanece repleto de mensagens proveitosas. Fixai as relações afetivas. São portadoras de alvitres necessários ao vosso equilíbrio. Fiscalizai as circunstâncias observando as sugestões que vos lançam ao centro d’alma. […]. Olhai, refleti, ponderai!… Depois disso, naturalmente, estareis prontos a vigiar e orar com proveito.


3. Desafios do período de transição


Processos Educativos


Os conflitos presentes na era de transição atingirão, de frente, a organização familiar e a educação dos filhos. Cuidados mais intensos deverão ser estabelecidos, no lar e na escola, a fim de que as provações e desafios não desestruturem a família nem a mente dos futuros líderes da sociedade. O período infantil, sobretudo, deverá merecer especial dedicação dos pais e educadores, mais do que usualmente já ocorre.


[…] Cada homem possui, com a existência, uma série de estações e uma relação de dias, estruturadas em precioso cálculo de probabilidades. Razoável se torna que o trabalhador aproveite a primavera da mocidade, o verão das forças físicas e o outono da reflexão, para a grande viagem do inferior para o superior; entretanto, a maioria aguarda o inverno da velhice ou do sofrimento irremediável na Terra, quando o ensejo de trabalho está findo. As possibilidades para determinada experiência jazem esgotadas. Não é o fim da vida, mas o termo de preciosa concessão. E, naturalmente, o servidor descuidado, que deixou para sábado o trabalho que deveria executar na segunda-feira, será obrigado a recapitular a tarefa, sabe Deus quando! (14)


Considerando que a transição é época de grande desenvolvimento científico e tecnológico, os valores morais nem sempre são devidamente priorizados. O progresso intelectual faz surgir uma Humanidade mais instruída, mas nem sempre moralizada.


Até aqui, a Humanidade tem realizado incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, resquícios de outra idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. O homem já não necessita de desenvolver a inteligência, mas de elevar o sentimento; para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho. […]. (15)


Assim, é importante considerar que os processos educativos, desenvolvidos dentro ou fora do lar, não devem se resumir a uma educação “[…] que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. […].” (16)


[…] Bem entendida, a educação, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, como se faz com as plantas novas. Mas essa arte exige muito tato, muita experiência e profunda observação. É grave erro acreditar que baste o conhecimento da Ciência para exercê-la com proveito. Quem quer que acompanhe o filho do rico, assim como o do pobre, desde o instante do nascimento, e observar todas as influências perniciosas que atuam sobre eles, em conseqüência da fraqueza, da incúria e da ignorância dos que os dirigem, e como falham quase sempre os meios empregados para moralizá-los, não poderá admirar-se de encontrar tantas imperfeições no mundo. Faça-se com o moral o que se faz com a inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, também há, em maior número do que se pensa, as que apenas reclamam boa cultura para produzir bons frutos. […]. (17)


Combate ao egoísmo


É outro desafio a ser enfrentado no período de transição, pois a Humanidade terá necessidade de ser mais solidária. Segundo os Espíritos da Codificação Espírita, a imperfeição: “[…] mais difícil de extirpar é o egoísmo, porque resulta da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pôde libertar-se, já que tudo concorre para mantê-la: suas leis, sua organização social, sua educação. […].” (18)


[…] Louváveis esforços são empregados para fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos são animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra época; não obstante, o verme roedor do egoísmo continue a ser a praga social. É um mal real, que se espalha por todo o mundo e do qual cada homem é mais ou menos vítima. Assim, é preciso combatê-lo, como se combate uma moléstia epidêmica. Para isso, deve-se proceder como procedem os médicos: remontando à causa do mal. Que se procurem em todas as partes do organismo social, da família aos povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências, patentes ou ocultas, que excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo. Só restará então combatê-las, senão todas ao mesmo tempo, pelo menos parcialmente, e o veneno pouco a pouco será eliminado. A cura poderá ser demorada, porque numerosas são as causas, mas não é impossível. Contudo, ela só se obterá se o mal for cortado pela raiz, isto é, pela educação, não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem. […]. (19)


Necessidade de crescimento moral


O combate às imperfeições pelo desenvolvimento de virtudes indicará período de crescimento moral da Transição


A Humanidade, tornada adulta, tem novas necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas […] Da adolescência ela passa à idade viril. O passado já não pode bastar às suas novas aspirações, às suas novas necessidades; ela já não pode ser conduzida pelos mesmos métodos; não mais se deixa levar por ilusões nem por sortilégios; sua razão amadurecida reclama alimentos mais substanciais. O presente é demasiado efêmero; ela sente que o seu destino é mais vasto e que a vida corpórea é restrita demais para encerrá-lo inteiramente. Por isso, mergulha o olhar no passado e no futuro, a fim de descobrir o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza. E é no momento em que ela se encontra muito apertada na esfera material, em que transborda a vida intelectual, em que o sentimento da espiritualidade lhe desabrocha no seio […]. (20)


O apoio de Espíritos esclarecidos


Durante o período de transição a misericórdia divina permitirá a reencarnação de Espíritos mais esclarecidos intelectual e moralmente, em todas as regiões da Terra, com a finalidade de amparar a Humanidade em suas provas e expiações, orientando-a na busca de soluções pacíficas para superar as dificuldades.

Por ser um momento especial, marcado por conflitos e calamidades, a dor terá efeito impactante, mas com a capacidade de despertar valores sublimes no homem que, mais esclarecido, ainda que sofrido, não se conformará com o sofrimento e com o estado das coisas reinantes, desenvolvendo, então, ações positivas e libertadoras.


Naturalmente que o Mestre não folgará de ver seus discípulos mergulhados no sofrimento. Considerando, porém, as necessidades extensas dos homens da Terra, compreende o caráter indispensável das provações e dos obstáculos. A pedagogia moderna está repleta de esforços seletivos, de concurso de capacidade, de teste da inteligência. O Evangelho oferece situações semelhantes. O amigo do Cristo não deve ser uma criatura sombria, à espera de padecimentos; entretanto, conhecendo a sua posição de trabalho, num plano como a Terra, deve contar com dificuldades de toda sorte. Para os gozos falsificados do mundo, o Planeta está cheio de condutores enganados. Como invocar o Salvador para a continuidade de fantasias? Quando chamados para o Cristo, é para que aprendamos a executar o trabalho em favor da esfera maior, sem olvidarmos que o serviço começa em nós mesmos. Existem muitos homens de valor cultural que se constituíram em mentores dos que desejam mentirosos regalos no plano físico. No Evangelho, porém, não acontece assim. Quando o Mestre convida alguém ao seu trabalho, não é para que chore em desalento ou repouse em satisfação ociosa. Se o Senhor te chamou, não te esqueças de que já te considera digno de testemunhar. (21)


ORIENTAÇÕES AO MONITOR:

  • Dividir a turma em grupos para leitura, troca de idéias e elaboração de resumo a respeito dos assuntos desenvolvidos neste Roteiro de Estudo. Pedir-lhes, após esta fase, que apresentem o resumo, em plenário.

  • Em seguida, o monitor assinala as principais características do período de transição, explicando o valor das provações na melhoria espiritual do ser humano.




Referências:

1. KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Capítulo XVIII, item 27, p. 534.

2. Idem - Capítulo XVIII, item 28, p. 535.

3. Idem - Capítulo XVIII, p. 514.

4. Idem - O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo XXI, item 5, p. 394.

5. SOUZA, Juvanir Borges. Tempo de renovação. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Capítulo 16, p. 131.

6. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, questão 742, p. 457-458.

7. Idem, ibidem - Questão 740, p. 456.

8. Idem, ibidem - Questão 741-comentário, p. 457.

9. Idem - A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo XVIII, item 9, p. 521-522.

10. Idem, ibidem - p. 522.

11. Idem, ibidem - Item 2, p. 514.

12. Idem, ibidem - Item 10, p. 523.

13. XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 24 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 8, p. 189-190.

14. Idem - Capítulo 113, p. 258.

15. KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo XVIII, item 5, p. 516.

16. Idem - O Livro dos Espíritos. Op. Cit. Questão 917-comentário, p. 548.

17. Idem, ibidem - p. 548-549.

18.  Idem, ibidem - Questão 917, p. 546.

19. Idem, ibidem - Questão 917-comentário, p. 548.

20. Idem - A gênese: os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Op. Cit. Capítulo XVIII, item 14, p. 525-526.

21. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Capítulo 71. p. 157-158.


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