O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Porto de alegria — Familiares diversos


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“Deus permite que a vida nos faça o melhor”

Aldarico Montaldi Filho, jovem esportista e muito estudioso, cursava engenharia mecânica em São Paulo, na Fundação Armando Álvares Penteado, quando sofreu grave acidente automobilístico na Marginal Pinheiros, vindo a desencarnar quatro dias após, a 1º de dezembro de 1987, em um Hospital da própria Capital paulista.

O drama familiar, com a perda de ente tão querido, foi muito agravado, já no dia seguinte (2 de dezembro), com um fatal colapso cardíaco sofrido pelo vovô Probo Montaldi, ao receber a notícia do desenlace do neto amado.

Seus pais, Aldarico Montaldi e Vera Montaldi, residentes em Campinas, SP, têm encontrado muito consolo em Uberaba, através de afetuosas cartas redigidas pelo próprio filho, sendo a primeira delas, a seguir transcrita, recebida em reunião pública de 09 de abril de 1988.

Observa-se que, ao lado do carinho filial, ele transmite preciosos ensinamentos que tem recebido na Vida Maior, especialmente da bisavó Maria, como por exemplo, este pensamento da mais alta importância para a nossa meditação, em face dos graves problemas que enfrentamos ou venhamos a enfrentar: “Estou aprendendo que Deus permite que a vida nos faça o melhor.”




MENSAGEM


1 Papai Aldarico e mãezinha Vera, com os meus irmãos Probo e Araí, n recebam a minha alegria pela possibilidade de lhes trazer algumas notícias.

2 Compreendo que não é fácil afastar de nossa memória o acidente na Marginal do Pinheiros, no qual me vi despojado de tudo, inclusive de meu corpo, quando mais desejava viver.

3 Estou ainda na convalescença do enfermo que se acomodou com a doença, sem aceitá-la; no entanto, a esperança não nos abandona. 4 Por enquanto, não tenho conquistas fáceis ou espontâneas, de vez que preciso esquecer os meus ideais de moço que esperava encontrar, no próprio trabalho, os degraus de acesso a uma vida melhor.

5 Entendo que, se o acidente na Marginal me podou os anseios, estou aprendendo que Deus permite que a vida nos faça o melhor e, assim, penso que se Deus determinou que me transferisse para a Vida Espiritual, tão verde na idade física, decerto terá modificado o meu rumo para que tentações não me viessem anular os bons propósitos.

6 Minha bisavó Maria n tem sido a minha enfermeira, desde as primeiras horas em que as tentativas da ciência médica se propunham a prolongar-me a existência, duramente frustrada, e estes meus raciocínios reproduzem neste papel o que a querida bisa Maria vem me ensinando.

7 Por que me revoltar com o sucedido, se o melhor me aconteceu? Quem poderá afirmar que não enveredaria através de caminhos tortuosos, quando a minha juventude amadurecesse? Creio que vemos unicamente as realizações imediatas, mas a Bondade de Deus verá todo o nosso caminho adiante…

8 Devo conformar-me e farei o possível para que isso aconteça. Peço à querida mãezinha Vera reconfortar-se com os ensinamentos que tenho recebido, e que estou procurando transmitir-lhes com as minhas pobres palavras.

9 Rogo ao papai Aldarico não se preocupar com o caminhão pesado que me tocou pela retaguarda, sem qualquer culpa do motorista. Quanto maior a velocidade num veículo pesado, mais ampla se faz a dificuldade para deter-lhe os movimentos. Ninguém, a meu ver, provoca desastres, conscientemente.

10 Assim observando, peço a todos os meus para que me auxiliem, sustentando a paz a benefício de nós todos. 11 Estou bem melhor e, em breve, segundo as promessas de minha protetora, espero uma chance de me dedicar aqui aos estudos, que me habilitarão para agir e servir em favor do próximo mais necessitado do que nós mesmos.

11 Peço ao Probo e à querida Araí me lembrarem com vibrações de compreensão e paz, com o que me estenderão muito apoio.

12 Estimaria escrever-lhes longamente, de maneira a contar-lhes como dói a saudade dos pais, dos irmãos e do lar que ficaram à distância, mas a bisa Maria me aconselha terminar este comunicado em que o coração está pulsando acima das palavras; no entanto, em outra ocasião tentarei esforçar-me para que a facilidade de expressão me favoreça.

13 Minhas lembranças a todos os nossos entes queridos e aos nossos amigos.

14 Reunindo o papai Aldarico e a mãezinha Vera, a irmãzinha Araí e o irmão Probo num abraço do coração, deixa-lhes aqui os melhores sentimentos que sou capaz de acalentar, o filho e irmão reconhecido que lhes dedicará todo o amor, em todos os dias, com os bons votos de sempre.

15 Registrando ainda o carinho do vovô Montaldi a toda a nossa família querida, subscrevo-me com as minhas saudades e com o meu afeto de sempre,


Darico n

Aldarico Montaldi Filho.


IDENTIFICAÇÕES


1 — Probo e Araí — Irmãos.


2 — Bisavó Maria — Maria Faelli, bisavó materna, desencarnada em 1945.


3 — Darico — Na intimidade, assim era chamado Aldarico Montaldi Filho.


Hércio Arantes


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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